26.10.14

Antagonistas de Conan, O Cimério: Thoth-Amon.



Nome: Thoth-Amon.

Alcunhas: Thoth-Amon do Anel; Feiticeiro do Anel Negro de Set; Mestre do Anel Negro; Lorde do Anel Negro.

Classe: Feiticeiro.

Religião: Seguidor de Set.

Locais de morada: Memphia (durante a juventude) e Keshatha – A Cidade dos Magos (atualmente) – ambas na Estígia.

Status: Antigo Conselheiro do Rei da Estígia; Líder do Anel Negro da Estígia.

Descrição: Bem mais alto  do que a maioria dos homens, esguio e com a pele bronzeada revelando seu sangue Estígio, olhos vermelhos como vampiro e em alguns casos verdes e reptilianos.

Qualidades e Defeitos: Corajoso, estrategista, orgulhoso, forte fisicamente, dotado de inteligência genial e vontade de ferro, circunspecto, egocêntrico, sádico, luxurioso, vingativo, cruel, monomaníaco por poder.

Idade: Centenas de anos (desconhecida exatamente).

Poderes: Invocar criaturas, espíritos e demônios; Hipnotismo; Alterar clima; Teleporte; Levitação; Animar objetos; Transferência de mente para criaturas menores; Capaz de atirar rajadas energéticas pelas mãos; Toque mortal e muitos outros, sempre relacionados a feitiçaria.

Artefatos importantes: Anel da Serpente de Set; Coroa da Cobra.
 



Durante sua vida, Conan teve diversos inimigos, entre indivíduos, ordens, guildas, seitas, reinos, monstros e demônios. Porém, o mais famoso entre eles foi Thoth-Amon do Anel.

Thoth-Amon teve sua primeira aparição no conto de estréia de Conan, escrito por Robert E. Howard, “A fênix na espada” (The phoenix on the sword), publicada na revista Weird Tales, em dezembro de 1932.

Neste conto, Thoth-Amon foi escravizado por um Aquilônio chamado Ascalante, o qual planejava matar o Rei Conan durante um ataque noturno em seu castelo. No início do conto, Thoth está sem seu artefato mágico mais poderoso, O Anel da Serpente de Set (The Serpent Ring of Set) e sem poderes para se livrar de seu algoz.

“Escute, meu Lorde. Eu fui um grande feiticeiro no sul. Homens falam de Thoth-Amon como falam de Rammon. O Rei Ctesphon da Estígia me deu grande honra, rebaixando os magos do alto para me exaltar acima deles. Eles me odeiam, mas me temem, por eu controlar seres exteriores, os quais atendem ao meu chamado e aceitam minha oferta.
            Por Set, meus inimigos não sabiam a hora em que poderiam acordar no meio da noite sentindo dedos com garras pertencentes a um horror inominável em suas gargantas!
 Eu fiz magias negras e terríveis com o Anel da Serpente de Set, o qual encontrei em uma tumba escura abaixo da terra, esquecida antes do primeiro homem rastejar para fora do lodo do oceano.”

Robert E. Howard – The Phoenix on the sword.


         Ao recuperar o anel (descrito como um anel fantástico, feito com um metal parecido com bronze, na forma de uma serpente com escamas, enrolada em três voltas, com sua cauda dentro de sua boca e com olhos de pedras preciosas amarelas dotadas de um brilho sinistro), Thoth assassina Ascalante e invoca um demônio com aparência de gorila para dar fim aos aliados de seu captor. No momento em que os conspiradores atacam Conan, o demônio surge para enfrentá-los e é morto pelo Cimério, o qual portava uma espada abençoada por Mithra.



            Outro conto em que Thoth-Amon antagoniza Conan, mesmo que indiretamente, é “O Deus no cesto” (The god in the basket), no qual o Cimério invade um local para praticar um roubo e se encontra em um cenário onde um homem foi morto em circunstâncias misteriosas, após examinar um cesto enviado a ele por Thoth-Amon da Estígia.

            Em “A hora do dragão” (The hour of the dragon) os caminhos de Thoth-Amon e Conan se cruzam indiretamente, com as ações do Cimério influenciando os objetivos do feiticeiro.

            De fato, Robert E. Howard não escreveu nenhum conto onde ambos personagens se encontram cara a cara, tendo apenas esses três textos como referência da rixa entre eles.

            Autores como L. Sprague de Camp, Lin Carter e Roy Thomas, que posteriormente escreveram histórias sobre Conan, são os responsáveis por fazer de Thoth-Amon o grande nêmesis do Cimério. Barry Windsor-Smith com seus traços foi quem desenvolveu e definiu a aparência mais conhecida do feiticeiro Estígio com os ornamentos de chifres em sua cabeça.



            Apesar de Robert E. Howard não ter definido uma origem para Thoth-Amon, a Dark Horse Comics ousou criar uma Graphic Novel chamada “O livro de Thoth” (The Book of Thoth) onde a história desse antagonista foi nos passada sobre quando ele ainda era apenas um jovem ladrão na Estígia.

            Antes chamado apenas de Thoth, este vilão nasceu em um ambiente de miséria na cidade de Memphia na Estígia, onde seu pai alcoólatra o obrigava a mendigar e roubar.

            Em sua solidão, ele apenas era gentil com sua irmã, a qual prometeu retirar da pobreza e dar uma vida alegre e vivaz. Um dia, um de seus amigos chamado Amon avisou um alto sacerdote de Íbis (um deus Estígio, rival de Set) sobre um atentado contra sua vida e o  clérigo ofereceu a Amon a chance de se tornar um acólito em seu templo.

            Quando Amon contou a Thoth sobre sua sorte, Thoth esmagou sua cabeça com uma pedra e se passou por Amon, entrando no Templo de Íbis, adquirindo muito conhecimento e aprendizado.

            Em sua sede por poder, querendo mais por conta de sua ganância e luxúria insaciáveis, Thoth procurou por conhecimento nas artes negras da magia, em pergaminhos esquecidos e obscuros ,onde aprendeu sobre o reino de Acheron, o qual caiu durante o Cataclismo que afundou Atlântida e destruiu Mú e Lemúria, reinos esplendorosos que existiram antes da Era Hiboriana.

            Indo até o sítio arqueológico de Acheron, Thoth foi testado por Set, onde morreu (ou quase morreu), mas foi ressuscitado pelo Anel Negro de Set. Ele retornou ao Templo de Íbis, secretamente adorando ao deus Set, conduzindo sacrifícios e preparando terríveis armadilhas para seus companheiros. Quando foi descoberto por seu mentor, Thoth o venceu em uma batalha arcana e elevou seu posto de forma rápida no culto, principalmente por suas habilidades políticas, mas também por assassinar aqueles que estavam em seu caminho.

            Ao conhecer um jovem chamado Ctesphon, o qual estava na linha de sucessão real da Estígia, Thoth passou a assassinar os familiares e tornar-se amistoso a Ctesphon para angariar sua confiança. Com isso, quando o jovem foi coroado Rei da Estígia, Toth foi nomeado Conselheiro do Rei e passou a se chamar Thoth-Amon.

            Com o tempo o feiticeiro foi fortalecendo o culto a Set até que os acólitos de Íbis tentaram assassiná-lo, mas falharam e todos morreram, exceto por um sacerdote de Íbis chamado Kalanthes.

            Thoth-Amon usou essa situação para declarar o culto a Íbis como herético e levar a Estígia a adorar Set. Kalanthes foi capturado e sentenciado a crucificação, mas acabou resgatado por rebeldes.

            Enfim, com a mente do Rei destruída pela feitiçaria e a nação prestando adoração a Set, Thoth-Amon teve a chance de clamar o poder proibido de Acheron.  Ele queria as mais negras magias à sua disposição, mas conseguiu apenas libertar monstros e espíritos malignos. Thoth combateu os espíritos demoníacos buscando controlá-los, até Kalanthes e seus aliados se juntarem para enfrentar os monstros de Acheron. Kalanthes então, convenceu Thoth-Amon de que ele nunca poderia controlar Acheron e o portal foi fechado.           


            Thoth-Amon é o líder do Cabal chamado Anel Negro, um grupo de feiticeiros que foi fundado em tempos imemoriais, tendo como membros os principais feiticeiros das artes arcanas negras, proibidas e necromânticas, com base na Estígia, sendo capaz de invocar os filhos de Set, também chamados Homens-Serpentes, para auxiliá-lo.


            Este feiticeiro tem muitos rituais e magias negras à sua disposição e é capaz de criar tramas elaboradas, assim como seu deus Set. Ele ataca seus inimigos à distância, usando táticas e tomando vantagem de suas fraquezas. Thoth gosta de corromper aliados de seus alvos para usá-los contra eles, sendo um mestre estrategista capaz de montar inúmeras armadilhas, fazendo juz à sua reputação de ser o feiticeiro mais poderoso da Era Hiboriana. 
  
            Robert E. Howard pode não ter imaginado em sua época o quão famoso e importante Thoth-Amon se tornaria na mitologia da Era Hiboriana, tanto que não o utilizou de forma recorrente. 
            Talvez a vontade de Set hipnotizou a todos com seus olhos de serpente, influenciando os autores a engrandecer Thoth-Amon e a nós pobres mortais, a respeitá-lo e temê-lo.

24.10.14

Poema Ciméria - Terra de Trevas e de Noites Profundas - Parte 02


As HQ´s baseadas na mitologia da Era Hiboriana e na história de Conan, O Cimério, sempre utilizaram textos de Robert E. Howard para enriquecer a narrativa e argumento. Essa foi a época de ouro, onde até mesmo o poema Ciméria - Terra de Noite e Trevas, foi adaptado para os quadrinhos.










Versão da Dark Horse Comics








Versão da Espada Selvagem de Conan


Poema Ciméria - Terra de Trevas e de Noites Profundas - Parte 01





     Robert E. Howard escreveu um poema sobre a Ciméria, Terra de Trevas e de Noites Profundas. Este poema é a maior descrição que temos do local onde Conan nasceu e viveu parte de sua juventude. Um lugar melancólico, onde o sol nunca aparece e as montanhas cobertas de pesadas nuvens, cercam toda a região.
     De acordo com o autor, este poema foi escrito em Mission, no Texas, em fevereiro de 1932, inspirado por memórias da região montanhosa de Fredricksburg, vista em meio às brumas das chuvas de inverno.
   Robert E. Howard criou uma obra-prima no sub-gênero da literatura fantástica chamado "Espada e Feitiçaria" (Sword and Sorcery), com um poema de atmosfera densa e bucólica que nos traz à mente a faceta do ambiente que influencia a personalidade dos Cimérios. Homens duros e brutais, que não acreditam nos deuses da forma como a maioria dos povos esperançosos o fazem e que não acreditam na vida após a morte, vivendo intensamente toda a loucura da guerra e tendo a aplicação da vingança como forma de retribuição.
       O poema demonstra o pesar que um habitante da Ciméria teria ao contemplar a paisagem de sua terra, mas não necessariamente a apresentando como um pejorativo.



"Eu me lembro.
Das florestas escuras, mascarando encostas de colinas sombrias;
Da perpétua abóbada plúmbea em pesadas nuvens;
Das correntes crepusculares que fluíam em silêncio,
E dos ventos solitários, sussurros no desfiladeiro.

Paisagens se sobrepondo, colinas sobre colinas,
Encosta por encosta, cada uma povoada de árvores tristes,
Nossa terra descarnada jazia. E quando um homem subia
Um pico áspero e contemplava, olhos protegidos,
Via nada além da paisagem infinita - colina sobre colina,
Encosta por encosta, cobertas como suas irmãs.

Era terra de melancolia que parecia abrigar
Todos os ventos e nuvens e sonhos afugentados do sol,
Os galhos despidos agitavam-se por ventos solitários,
E florestas recolhidas, de todo meditativas,
Nem mesmo iluminadas pelo sol raro e esmaecido,
Que tornava homens, sombras encolhidas; eles a chamavam de
Ciméria, Terra de Trevas e de Noites Profundas.

Foi há tanto tempo, tão longe daqui
Que esqueci até mesmo o nome pelo qual os homens me chamavam.
O machado e a lança de ponta em sílex são como um sonho,
E caçadas e guerras, sombras. Lembro-me
Apenas da quietude daquela terra severa,
Das nuvens empilhadas sobre as colinas,
Do esmaecer das florestas eternas.
Ciméria, Terra de Trevas e da Noite.

Oh, alma minha, nascida nas colinas encobertas,
De nuvens e ventos e fantasmas afugentados do sol,
Quantas mortes servirão para romper, afinal,
A herança que me envolve em tristes
Vestes de fantasmas? Busco meu coração e encontro
Ciméria, Terra de Trevas e da Noite."

Para aqueles que dominam ingles, deixo o poema em seu texto original:

I remember
The dark woods, masking slopes of sombre hills;
The grey clouds' leaden everlasting arch;
The dusky streams that flowed without a sound,
And the lone winds that whispered down the passes.

Vista upon vista marching, hills on hills,
Slope beyond slope, each dark with sullen trees,
Our gaunt land lay. So when a man climbed up
A rugged peak and gazed, his shaded eye
Saw but the endless vista--hill on hill,
Slope beyond slope, each hooded like its brothers.

It was a gloomy land that seemed to hold
All winds and clouds and dreams that shun the sun,
With bare boughs rattling in the lonesome winds,
And the dark woodlands brooding over all,
Not even lightened by the rare dim sun
Which made squat shadows out of men; they called it
Cimmeria, land of Darkness and deep Night.

It was so long ago and far away
I have forgotten the very name men called me.
The axe and flint-tipped spear are like a dream,
And hunts and wars are like shadows. I recall
Only the stillness of that sombre land;
The clouds that piled forever on the hills,
The dimness of the everlasting woods.
Cimmeria, land of Darkness and the Night.

Oh, soul of mine, born out of shadowed hills,
To clouds and winds and ghosts that shun the sun,
How many deaths shall serve to break at last
This heritage which wraps me in the grey
Apparel of ghosts?  I search my heart and find
Cimmeria, land of Darkness and the Night.



23.10.14

Crônicas da Nemédia - Citação da existência e importância do Rei Conan na Era Hiboriana

Entre os cânons que narram sobre a Era Hiboriana e contam a história de Conan, o Cimério, nenhum é mais famoso do que as Crônicas da Nemedia. Em seus preciosos pergaminhos, os historiadores deixaram escrita a passagem daquele que comandou o reino de maior esplendor entre dentre todos de sua época: a orgulhosa Aquilônia.

E a citação mais famosa sobre Conan nas Crônicas da Nemedia é esta:

"Saiba, ó principe, que entre os anos em que os oceanos tragaram Atlântida e os anos em que se levantaram os filhos de Aryas, houve uma era inimaginada repleta de reinos esplendorosos que se espalharam pelo mundo como miríades de estrelas sob o manto negro do firmamento. Nemédia; Ophir; Britúnia; Hiperbórea; Zamora, com suas lindas mulheres de cabelos negros e suas torres repletas de terror e mistério; Zingara, com a nobreza; Koth, que fazia fronteira com as terras pastoris de Shem; Stygia, com suas tumbas protegidas pelas sombras; Hirkânia, cujos cavaleiros ostentavam aço, seda e ouro.
Não obstante, de todos, o mais orgulhoso foi o reino da Aquilônia, que dominava supremo no delirante oeste. Para cá veio Conan, o cimério de cabelos negros, olhos ferozes, mão sempre crispadas sobre o cabo de uma formidável espada pronta a ser brandida em luta, saqueador, ladrão sagaz, pirata, assassino frio com gigantescas crises de melancolia e não menores fases de alegria, para humilhar sob seus pés os frágeis tronos da Terra."

E o poema em ingles, no seu original:

"Know, O prince, that between the years when the oceans drank Atlantis and the gleaming cities, and the years of the rise of the Sons of Aryas, there was an Age undreamed of, when shining kingdoms lay spread across the world like blue mantles beneath the stars - Nemedia, Ophir, Brythunia, Hyperborea, Zamora with its dark-haired women and towers of spider-haunted mystery, Zingara with its chivalry, Koth that bordered on the pastoral lands of Shem, Stygia with its shadow-guarded tombs, Hyrkania whose riders wore steel and silk and gold.
But the proudest kingdom of the world was Aquilonia, reigning supreme in the dreaming west. Hither came Conan the Cimmerian, black-haired, sullen-eyed, sword in hand, a thief, a reaver, a slayer, with gigantic melancholies and gigantic mirth, to tread the jeweled thrones of the Earth under his sandalled feet".

Que Crom conte os mortos!